Não há preconceitos, somos todos iguais dentro de nossas diferenças.
Mas que é gostoso contar a velha piada da bichinha, apelidar aquele amigo de preto, mandar o outro ficar de pé para falar conosco, rir da rolha de poço e do pingo de ferrugem. Afinal é apenas uma distraçãozinha, um jeito carinhoso de conviver com essa diferença, de tratar aquele que sai dos padrões em nosso meio.
É fácil nos posicionar quando está na moda. É lindo comer uma banana quando o Neymar come e transformar isso em um vírus na internet.
Mas será que seria fácil fazermos uma introspecção dentro de nossas raízes culturais e passarmos a ter consciência de que falar de tolerância é apenas mais uma moda e realmente deixarmos isso de lado?
Talvez um jeito seria nos colocar dentro de cada um alem de nós mesmos. Será que se nós fossemos a rolha de poço não descubririamos que isso não é por falta de vergonha na cara nem força de vontade em fechar a boca mas sim uma doença que impede o metabolismo de processar aquilo que comemos e será que teriamos estrutura emocional para tirar dois terços do nosso estomago?
E o pingo de ferrugem que mesmo cirurgicamente pode não ter resultado; a bixinha que ve nos gestos delicados da dama algo com o que a tradução daquilo que sentem desde o dia em que passaram a se sentir gente.